quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sinfonias do Ocaso



Musselinosas como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.

Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.

Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.

Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos...

Cruz e Sousa

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Em violino fado




Ponho as mãos no teu corpo musical
Onde esperam os sons adormecidos.
Em silêncio começo, que pressente
A brusca irrupção do tom real.
E quando a alma ascendendo canta
Ao percorrer a escala dos sentidos,
Não mente a alma nem o corpo mente.
Não é por culpa nossa se a garganta
Enrouquece e se cala de repente
Em cruas dissonâncias, em rangidos
Exasperantes de acorde errado.

Se no silêncio em que a canção esmorece
Outro tom se insinua, recordado,
Não tarda que se extinga, emudece:
Não se consente em violino fado.

José Saramago

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Lacrimosa


Lacrimosa dies illa
Qua resurget ex favilla
Judicandus homo reus.

Huic ergo parce, Deus
Pie Jesu Domine
Dona eis requiem, Amen.

Tradução:

Lacrimosa
Dia de lágrimas aquele
em que o homem pecador renasça da sua cinza
para ser julgado!

Tende, pois, piedade dele, ó meu Deus!
Ó piíssimo Jesus, ó Senhor,
concedei-lhe o repouso eterno. Amém.

"Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver."

 Bertold Brecht